segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Enxergando pela fé o que os olhos não conseguem ver


Pr. Marcos Serafim

Podemos dizer que em Hebreus aprendemos a enxergar com os olhos sobrenaturais da fé e não com os olhos naturais da carne. Ou seja, os olhos da fé nos dão a convicção plena [firme fundamento] de que vamos receber as coisas que esperamos e ainda provar coisas que não podemos ver aos olhos naturais.

Assim como muitas pessoas do passado, se quisermos agradar ou termos alguma aprovação de Deus temos que começar a enxergar as coisas pela fé (Hb. 11.6), pois por ela entendemos que aquilo que pode ser visto [universo] não foram criadas de materiais já existentes, mas foi feito por quem [aquilo que] não se vê [Deus]. (Hb. 11.1-3)

Não dá para vivermos esperançosos com base no “ver para crer”. Paulo explica que se já estamos vendo aquilo que esperamos então isso não é mais uma esperança, pois quem é que fica esperando por alguma coisa que está vendo? Porém, se estamos esperando alguma coisa que ainda não podemos ver, então esperamos com paciência. (Rm. 8. 24-25). Segundo ele, não podemos prestar atenção nas coisas que se vêem, isso não é fé,  mas nas que não se vêem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre. (2Co 4.18)

Mas quais seriam os exemplos de coisas que os nossos olhos naturais não conseguem enxergar? Em que podemos depositar a nossa esperança?

Com a fé sobrenatural enxergamos nossa família restaurada e salva, ainda que aos olhos naturais tudo pareça ao contrário. Com os olhos da fé enxergamos que Deus pode abrir portas de emprego, que Deus pode nos fazer prosperar na empresa, que nossos negócios alcançaram índices de porcentagens acima daquilo que os olhos naturais ainda não viram.

Com os olhos naturais muitas vezes enxergamos um casamento destruído, mas com os olhos da fé um casamento restaurado. Com os olhos naturais enxergamos desistência nos momentos mais difíceis da vida, incapacidade até mesmo nas tentativas de realizações possíveis. Por esses motivos muitas pessoas envelhecem sonhando com as coisas que não alcançaram. Não acordam para a realidade da fé que pode estar depositada no Deus do impossível. A faculdade, o casamentos, os negócios, a família, o relacionamento, etc. tornam-se possíveis e visíveis quando invertemos as expectativas negativas e passamos “crer para ver”.

A priori, pela fé já cremos que Deus é fonte suprema da criação. Que Ele criou o homem e a mulher tornando-os projeto principal de Sua vontade e majestade. Que ambos se tornaram o centro da vontade de Deus para viverem pela fé. Que passaram a viver um nível acima de todas as outras formas de vida, em uma relação intima e impar, em confiança e realidade com Ele.

Nessa relação suprema temos que enxergar pela fé o que parece impossível aos olhos da carne. Deus age no natural, no possível, ajudando-nos a realizar o que já está ao nosso alcance, materializado.

Entretanto, Ele se alegra em agir no sobrenatural, no que parece impossível aos homens, pois para Ele não existe impossível (Gn. 18.14).

Moisés recebeu uma resposta dura ao achar que para Deus sustentar mais de seiscentas mil pessoas famintas por carne seria algo impossível, mesmo Deus tendo realizado outros milagres (Nm. 11.23).

Quem, com os olhos naturais, ainda enxerga algo impossível para Deus precisa começar a mudar seu modo de ver as coisas, precisa começar a olhar pela fé.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Líder Cristão, Um Humilde Servo


Por meu querido professor
Bispo José Ildo Swartele de Mello


A cultura contemporânea despreza o frágil, o dependente e gosta dos que se mostram fortes, competentes e autos suficientes. Isto favorece os espertalhões que são capazes de esconder suas fraquezas, manipulando para exercerem o controle e receberem maior reconhecimento. Mas não é assim no Reino de Deus, onde “os primeiros tornam-se os últimos e os últimos, primeiros” (Mt 20.16). Jesus escolheu os pequeninos (Mt 11.26), sim,  Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são (1 Co 1.28). Os primeiros no Reino são os que seguem o exemplo do Mestre, que veio para servir e não para ser servido (Mt 10.45), e que assumiu a humilde condição de servo ao lavar os pés dos próprios discípulos (Jo 13.12).

Moisés, Isaías e Jeremias sentiram-se pequenos e inaptos para o ministério a que foram chamados. E não podemos nos esquecer que Davi era o último da casa de seu pai quando foi escolhido para ser o rei de Israel. João Batista rejeitou a autopromoção, a histeria e o exibicionismo, pois não gritava nas praças buscando chamar a atenção para si, pelo contrário, João Batista disse que convinha que ele próprio diminuísse para que Cristo crescesse. Renúncia e sofrimento fazem parte do chamado dos discípulos que devem carregar a cruz à semelhança do Mestre (Lc 9.23).

O líder cristão não deve se comportar como dominador do rebanho, mas deve guiar, inspirar e influenciar pelo exemplo (1 Pe5:2-3). Deve lembrar que o próprio Rei Jesus entrou em Jerusalém de maneira humilde e mansa, montado em um jumentinho (Mt 21.5). “Nem por força e nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). Portanto, a entrega humilde e amorosa de nossas vidas ao serviço do próximo deve caracterizar a vida de todos os líderes cristãos.

O líder cristão é alguém que sabe lidar com as outras pessoas não no nível "eu sou superior a você, pois sou seu líder", mas no nível "sou seu servo, conte comigo". Tornando-se,assim, uma pessoa acessível aos outros, pois ele segue o exemplo de Jesus, que cativava as pessoas, que sempre queriam estar junto a si.

Um líder verdadeiramente cristão não tem o desejo de liderar, mas é pressionado a aceitar uma posição de liderança pelo chamado interno do Espírito Santo e pela pressão das circunstâncias externas. Pois aquele que tem a ambição de liderar está desqualificado para ser líder. O verdadeiro líder cristão não tem o mínimo desejo de mandar na herança de Deus, mas é humilde, gentil, possui espírito sacrificial, pronto para liderar como para ser liderado, quando se deparar com alguém mais capacitado que ele ou em posição de comando. Pois, só quem sabe ser submisso, pode também liderar com excelência.

Líderes seguros delegam poderes aos outros. O bom líder deve encontrar líderes e desenvolvê-los, dando-lhes recursos, autoridade e responsabilidade, e depois garantir-lhes liberdade para agir.Pois, a capacidade de realizar está ligada a capacidade de delegar poder.Muitos líderes não delegam poder por medo de perder o cargo para o outro,reflexo de sua baixa auto-estima e da falta de confiança em Deus.

Henri J. M. Nouwen chama a atenção para a grande tentação que acomete os líderes cristãos: o desejo de ser espetacular e causar impacto. Ser relevante, notado, referido, popular, destacado, bombástico, “o melhor”. Tem gente que busca a liderança como instrumento de autopromoção e que só participa ativa e dedicadamente de algo que lhe traga reconhecimento e honra. São do tipo de pessoas que "não colocam azeitona na empada de ninguém". Tais pessoas estão muito longe dos bem-aventurados pobres de espírito (Mt 5). Muito longe de Jesus, que jamais perseguiu a fama, pelo contrário, vivia fugindo dela. Tais cristãos precisam dar ouvidos à exortação do Apóstolo Paulo que disse: “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando os outros superiores a si mesmo... Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2:3-8). Grandes coisas acontecem na Igreja quando ninguém se importa com quem vai levar a fama! Quando consideramos os outros superiores a nós mesmos e nutrimos o espírito humilde de Cristo!

Levou um dia para tirar o povo do Egito, mas quarenta anos para tirar o Egito do Povo. O capítulo nove de Lucas revela que os discípulos, por vezes, manifestaram o espírito deste mundo: “pediram para descer fogo do céu” (v.54). Jesus repreende perguntando “não sabeis de que espírito sois?” (v. 55). Os discípulos estavam agindo como agimos no mundo procurando destruir e eliminar os que fazem oposição, pois queriam impedir que alguém continuasse a pregar e a expulsar demônios somente por que não fazia parte do mesmo do grupo deles (v. 49). E, os discípulos, imaturos, ainda disputaram por posições (v. 46).

Os discípulos também procuravam se esquivar do tema da cruz. Jesus falava da cruz (Lc 9.44) e eles ignoravam o tema e logo mudavam de assunto inquirindo e disputando sobre algo que lhes parecia bem mais interessante, ou seja: “qual de nós será o maior no Teu Reino?” ( Lc 9.45 e 46). Os discípulos tinham uma concepção do Messias apenas em termos do Rei vencedor, que restauraria o Reino a Israel. Criam que ele se manifestaria ao mundo com grande poder e glória ainda naqueles dias e não podiam pressupor um caminho de cruz, sofrimento, humilhação e rejeição nem sequer como estágio para o estabelecimento do seu Reino. Sentiam-se prontos para reinar com Cristo, mas tinham que aprender a ser menores como uma criança, pois o menor é que é de fato o maior, e também deveriam aprender a servir como servos de todos. (Lc  9.47-48). Em 1 Coríntios 1, vemos algo semelhante acontecendo só que no sentido inverso, ou seja, havia disputa entre os coríntios sobre quem seria o maior dos apóstolos, quem seria o melhor dos cristãos e qual grupo era o mais cristão de todos. Paulo responde a esta disputa que inclusive incluía o seu nome, dizendo que ele nunca quis um lugar de destaque e que ele só quis saber de Cristo e este crucificado. Paulo critica a sabedoria deste mundo que é míope para ver o poder e a sabedoria de Deus que se revelam na “fraqueza” da cruz.

Fomos enviados por Cristo ao mundo como Cristo mesmo foi enviado pelo Pai (Jo 17.11-18). “Para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.15).A Vida é o que de melhor alguém pode dar a seu semelhante. Pois, "quem não sacrifica nada não ama. Quem sacrifica pouco ama pouco. Quem sacrifica tudo ama totalmente" (Monier Vinard). Perguntaram a William Booth, fundador do Exército de Salvação, qual era o segredo da grandeza de seu ministério, ele respondeu: "Deus teve de mim tudo o que Ele quis". Infelizmente os evangélicos seduzidos pelo consumismo têm feito o contrário: exigem de Deus tudo o que eles querem.

Jesus passou pelo deserto antes do início de seu ministério (Mc 1.12). Elias (1Rs 17.3) e Moisés  (Êxodo) também. Paulo foi para o deserto (Gl 1.17). Temos muito a aprender sobre deserto na vida dos servos de Deus. Cruz e deserto estão em sintonia, são sinônimos. O estilo de liderança de Jesus foi marcado pela cruz, pelo deserto, pelo burrinho, pelo balde e a toalha (Jo 13.12). Sendo Senhor, foi humilde e assumiu a condição de servo. Não foi dominador, mas procurou cativar pelo amor, pela graça e pelo exemplo. Não constrangeu os seguidores pela força, deixando-os sempre livres para escolher e até mesmo desistir (Jo 6.67). Seu estilo de liderança nada tema ver com o estilo de governar deste mundo, sendo, de fato, um estilo às avessas do padrão comum de autoridade mundana que se impõe pela força. Tal estilo deve caracterizar a vida de todos os verdadeiros líderes cristãos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Espiritualidade Bíblica e Espírito Santo


Por Pr. Marcos Serafim


A Bíblia nos mostra uma espiritualidade manifesta em Deus desde a criação, uma espiritualidade apresentada dia-a-dia à humanidade.

Ou seja, desde a criação e no decorrer da história da humanidade nas Escrituras Sagradas, espiritualidade tem a ver com o relacionamento de Deus para com os homens e dos homens para com Deus, onde os pensamentos e o modo de agir são transformados, não apenas por fé ou regras, mas pela adoração, retidão, entrega e dedicação a Deus.

Toda ação espiritual de Deus apresentada na Bíblia transforma a humanidade caída e desregrada em uma humanidade resgatada, ordenada e restabelecida na comunhão com Ele, nos múltiplos contextos da vida humana, que envolve trabalho, relações pessoais, igreja, etc.

Neste contexto, podemos resumir que espiritualidade bíblica é uma forma de o ser humano compartilhar sua vida com Deus, de permitir que Deus se relacione com ele, de permitir uma vida em comunhão, de renunciar a tudo para se tornar discípulo, templo do Espírito Santo, pessoa dedicada à oração e adoração.

Infelizmente ainda existem incertezas nos dias de hoje sobre a essência da espiritualidade, ou de receber o Espírito Santo, ou ainda incertezas quanto a se tornar um cristão cheio do Espírito Santo.


Aparentemente algumas pessoas ainda duvidam do fato de que viver uma vida de espiritualidade cristã requer a certeza de se ter recebido o Espírito Santo. O que implica o não viver apenas uma vida cristã convicta e de servidão apenas no fazer as “obras da lei”, sem o hábito da adoração.

Ser cheio do Espírito Santo é ser um adorador convicto da salvação, é ser dedicado a oração, ser separado para Deus e fazer parte da assembléia dos santos, onde corpos se tornaram lugar de habitação do Espírito. “Se alguém não tem o Espírito de Deus”, não é um cristão, de acordo com Romanos 8.9.

No campo da espiritualidade o indivíduo se torna a habitação do Espírito de Deus e assim [dessa forma] toda a estrutura da igreja é ajustada para crescer e se tornar um  santuário santo no Senhor.

No contexto da espiritualidade a habitação do Espírito é o elemento indispensável para a santidade, tanto para o cristão como para a igreja.

Neste caso, segundo Michael Green (2008) existem três aspectos da atividade do Espírito no Antigo Testamento que nos afetam particularmente nos dias de hoje, uma vez que antecipam Jesus e a igreja.

O primeiro aspecto é o seu serviço, em que o Espírito foi prometido especialmente ao Servo do Senhor nos quatro grandes cânticos de Isaias, apresentado em Isaias 42.1, ou uma passagem semelhante fora dos Cânticos dos Servos, registrado em Isaias 61.1. Neste primeiro aspecto Green (2008) afirma que Jesus reivindicou para si o cumprimento das duas passagens em seu ministério. Ele, o Supremo Servo do Senhor, foi de forma única revestido do Espírito de Deus.

O segundo aspecto é a Sua majestade, em que um rei de Israel poderia esperar possuir o Espírito de Deus (I Samuel 10.1,6; 16.13). Dessa forma, havia a esperança em Israel de que no futuro o Grande Rei viria e seria revestido do Espírito de Deus de um modo poderoso, já que os reis de Israel haviam muitas vezes decepcionado.

O terceiro aspecto se refere ao acesso do Espírito de Deus ao povo comum. Nos dias do Antigo Testamento uma pessoa precisava ser muito especial para que o Espírito Santo fosse dado a ela. Talvez a um profeta, um rei ou a um sábio. Mas o Espírito não era para o homem comum e as desvantagens na experiência humana, quando acontecia a manifestação do Espírito de Deus, era que o Espírito era “sub-pessoal”, ou seja, era o poder impetuoso, incontrolável, indomado. Outro fator era que o Espírito não era permanente, mas restrito e podia ser dado e retirado ao mesmo tempo. Era um presente, um dom para alguns dentre o povo de Deus, não para todos. A esperança era que no grande dia da libertação de Deus para seu povo, o Espírito seria universalizado.

Essa universalização é declarada na profecia de Joel (2.28) e ocorre admiravelmente no Dia de Pentecoste, e aqueles que estavam presentes tinham plena consciência disso (Atos 2.17-18); ocorre a partir daí uma nova aliança, onde uma nova experiência do Espírito de Deus em nós iria aquecer nossos corações para impelir-nos a seguir nos caminhos de Deus, nos capacitando em nossa vontade para assim fazermos. O que no devido tempo se tornou realidade.

No Pentecoste, quando o Espírito desceu sobre a Igreja, ficou claro que as restrições e desvantagens da velha aliança haviam passado e o dom do Espírito habitou nos corações e nas vidas dos crentes até os dias de hoje. O Espírito Santo é aquela parte do futuro de Deus que já está presente. Ele é o primeiro fascículo de tudo que Deus tem reservado a nós (Efésios 1.13-14). É o selo e a garantia de nossa herança até que tomemos posse de tudo, consumados na volta de Cristo.

Ser batizado com o Espírito Santo significa um rito de iniciação para todos os cristãos e não apenas alguma espiritualidade poderosa com a qual alguns são iniciados.

Receber o Espírito Santo e ser cheio por Ele em nossa vida cotidiana é uma experiência única e não há nenhum outro modo pelo qual possamos ter uma vida perfeita, sem pecado; mas sermos cheio deveria ser nossa condição normal como cristãos.

A espiritualidade cristã requer uma vida de santidade e oração constante para que o Espírito Santo possa nos encher cada vez mais. A condição é vivermos sem pecados.

Santidade é uma busca constante de renovação e dedicação a pureza de Deus, de forma plena, total, radical, sem restrições, em temor e reverência diária.



Esse texto tem como fonte de pesquisa e referência

STEVENS, R. Paul & GREEN, Michael. Espiritualidade Bíblica: a Bíblia como fonte da verdadeira espiritualidade para o seu dia a dia. Tradução Marília Peçanha – Brasília, DF; Palavra, 2008.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Epístola ao Apostolo Paulo

Marcos Serafim, pastor escolhido da parte de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o entregou a morte pelos nossos pecados e o ressuscitou dentre os mortos, ao apóstolo Paulo, saudações em Cristo. Amém!

Venho por desta, escrever-lhe por causa do mal estar que flagela minha alma sem piedade e confunde meu espírito com entendimentos persuasivos e sabedoria humana de uma sociedade cristã enferma e apática espiritualmente.
Desculpe-me incomodar seu descanso, é que, dentre as 13 epístolas paulinas, me lembro da que escreveu com próprios punhos aos irmãos em Gálatas, durante os primeiros passos do evangelho na Galácia, nos anos 55 e 60 d.C., sobre aqueles que rapidamente estavam se afastando da Graça por causa de alguns que além de perverter ainda perturbavam o evangelho de Cristo naquele período. Em suas palavras o senhor disse aos irmãos que tomassem alguns cuidados, pois ainda que homens ou mesmo um anjo vindo do céu pregasse um evangelho que fosse além do que estava sendo pregado, esse seria maldito.

O senhor também alertou a igreja de Éfeso dizendo que após sua partida lobos vorazes penetrariam em meio à igreja e não poupariam o rebanho. Um tipo de lobo em pele de cordeiro, ou joio talvez. Também ao irmão Timóteo disse que o amor ao dinheiro era a “raiz de todos os males” e não uma “solução de todos os males”.

Pois é amado apóstolo, suas palavras me deixaram bastante preocupados, pois em pleno século XXI estamos vivenciando algumas deturpações, distorções do evangelho de Cristo que o senhor precisa ficar sabendo.

Não sei por onde começar, mas a triste situação atual é a seguinte: a correria por títulos ministeriais é grande e confuso. Instituiu-se uma escala de hierarquias, onde, por exemplo, alguns querem considerar “peixe grande” (desculpe o termo) somente aquele com carteirinha de Apóstolo. Pastores, missionários, evangelistas, presbíteros, diáconos, etc. estão na escala dos rebaixados.

Esses que se acham apóstolos não estão muito preocupados em pregar sobre o real significado da Graça, que envolve a salvação pela fé em Cristo e exige o negar-se a si mesmo para usufruir da real liberdade que temos no Salvador, ou mesmo despojar-se de todas as coisas, considerando-as refugo. Pelo contrario, nas reuniões as promessas são imediatistas a partir do tanto que você doa financeiramente.

Nossos cultos de adoração mudaram, tudo agora é “show”. A única glória manifesta é a dos homens. Os ídolos de adoração estão nos palcos, são grupos de louvor, cantores ou pregadores de renome que atraem o povo. Jesus Cristo? Esse não está atraindo mais.

A grande preocupação, por parte de alguns que afirmam ser cristãos, é pregar uma teologia da retribuição, da prosperidade, da multiplicação, da restituição, do quero de volta o que é meu. Prega-se o re-dizimo, o tudo ou nada na vida financeira, a lei do “da ou desce”.

Para esses apóstolos, a busca da inspiração do Espírito Santo pela Palavra revelada não é prioridade, pois existem preparações técnicas específicas sobre o uso da Palavra que, se aplicada veementemente e corretamente, convence os ouvintes sobre o dar para receber 100 vezes mais.

Informo ainda irmão Paulo, que essas técnicas vêm acompanhadas de cardápios com diferentes consistências aos olhos gananciosos e com apresentações mirabolantes para ajudar no pedido aquele fiel com pouca fé, e supersticioso. No prato principal, algumas opções como: pão em formato de cruz, ou sal grosso para levar para casa e espantar os maus agouros, cajado iluminado, troca de anjo, enterrar a Bíblia por sete dias, banhos de descarrego, cruz ensangüentada, oração com porcos vivos na igreja para que todo tipo de demônio na vida das pessoas saia e entre nesse animal, fogueira santa, oração dos 318, lencinhos vermelhos para afastar enfermidades, etc., etc., etc... Coisas que o senhor nunca precisou utilizar como doutrina ou sugerir às igrejas nas epístolas.
Felizmente, existem poucas igrejas que ainda examinam as Escrituras e meditam nelas dia e noite, ensinando-as todos os dias para ver se as coisas são de fato desse jeito.

O mal estar que sinto o senhor também deve estar sentindo nesse momento, diante dos fatos apresentados. Tem hora que da vontade de “chutar o pau da barraca” (desculpe a expressão chula) e largar tudo. É que o desanimo, às vezes, bate a porta e a gente se sente fragilizado como Timóteo. Ainda bem que no caso do irmão Timóteo o senhor não o deixou desanimar dizendo que ele deveria lembrar-se de conservar vivo o dom de Deus que fora derramado quando colocou as mãos sobre ele.

Irmão Paulo, que resposta o senhor teria diante da situação? O que nos diria sobre o que fazer, pois me lembro de suas palavras de que nos últimos tempos alguns apostatariam da fé por obedecerem a espíritos enganadores.

Cristo também afirmou que surgiriam falsos profetas nos últimos tempos. Essas coisas estão acontecendo. O que fazer?

Querido apóstolo Paulo, mais uma vez desculpe lhe aborrecer em seu merecido descanso eterno, mas eu precisava desabafar e te deixar a par do que está acontecendo por aqui.

Que a gozo em nosso Senhor Jesus Cristo seja em ti eterno. E que a coroa da justiça que recebeu esteja também nos aguardando assim que encerrarmos a carreira e guardarmos a fé, a qual o Senhor, reto juiz, nos dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a vinda de Cristo. Amém!


Pastor Marcos Serafim

sexta-feira, 20 de maio de 2011

TEATRO GOSPEL

Por Pastor Marcos Serafim

Atentos ao que ocorre no mundo cotidiano, o grupo de mocidade da Igreja Pentecostal Missões Divinas (IPMD), em Ferraz de Vasconcelos, decidiu apresentar uma peça teatral que despertasse reflexão na juventude dessa nova geração.






















Com o tema “Pecado: como conviver com ele na presença de Cristo” o grupo de jovens da IPMD chamou a atenção de todos os participantes para o perigo mortal das drogas, bebidas e prostituição que tão de perto se apresentam como opções para a destruição da juventude, daqueles que certamente serão o futuro da Igreja de Cristo, futuros líderes ministeriais e eclesiásticos.









O evento contou com a participação dos jovens das cidades de Jundiapeba, Poá e Bairro São José (Nova Poá), além da colaboração do Pastor Cláudio, da Sede Regional da IPMD (Poá), para um diálogo aberto sobre o tema.
Além do teatro as mocidades puderam participar de gincanas bíblicas pedagógicas, com muitas premiações e coffee break abençoado.
Este foi o primeiro de muitos encontros que estão para acontecer, entre jovens da IPMD.

terça-feira, 10 de maio de 2011

BATALHA ESPIRITUAL

Por Pastor Marcos Serafim

Batalha espiritual nos dias de hoje nos tras ampla reflexão, pois o tema apresenta uma discussão doutrinária (prática) sobre a teoria de que parte da igreja, pessoas ou grupos cristãos, está descobrindo as ferramentas necessárias para romper as defesas de Satanás. 
Ao fazer-mos um mapeamento das formas utilizadas pelas igrejas como defesa contra as investidas do Diabo, encontramos desde objetos contagiados (que possam ser usados por demônios para exercerem poder sobre as pessoas) a maldições como forma de transmissão hereditária das forças espirituais demoníacas. Formas localizadas e confrontadas contra o mal, com estratégias cristãs e esforços missionários.
Em todo o tempo percebemos um diálgo, ou debate franco, entre pastores, missiológos e teólogos com diferentes perspectivas. Entre várias correntes teológicas que divergem para posições e pontos de vista, ou conclusões próprias.
Batalha espiritual é um tema discutido que, felizmente ou infelizmente, também deixa claro o fato de que em todas as partes do mundo existe um cristianismo que ainda não sabe como enfrentar corretamente o mundo dos espíritos maus, deivido a cosmovisão deficiente dos ocidentais que desempenharam historicamente um papel importante na propagação da fé cristã e ainda por não saberem usar a autoridade que Deus dá aos seus servos escolhidos (Lc 9.1; Jo 14.12), para ajudá-los em seus ministérios, em total dependência do poder do Pai contra a opressão demoníaca, contra a magia e o ocultismo, contra o animismo ou visão racionalista, etc.
O tema apresenta ainda uma reflexão sobre os que buscam uma libertação dramática, quando na realidade deveriam enteder que existe uma necessidade de se humilharem, de se arrependerem e renunciarem a atitudes e coisas incorretas ou sofisticas.
Sobre a batalha espiritual, infelizmente, por parte de alguns cristãos, existe uma interpretação errônea das Escrituras e, nesse sentido, em muitos casos, os crentes dão a impressão de que saem eles mesmos para pelejar contra o inimigo. Muitas vezes, pessoas dependentes de sessões de libertações focadas em objetos (sal, fitas, pulseiras, água, cruz iluminada, etc.) ou temas mirabulantes, quando na verdade a batalha é do Senhor.
Neste caso, qualquer mal entendido das Escrituras e a êmfase demasiada no ministério da libertação pode implicar em perigo. O emprego reverente e firme da fé deve estar em que Jesus Cristo é o Senhor sobre todas as coisas. Ele venceu as forças do mal (satânicas) na cruz. Ele prevalece em qualquer inquietação e guarda o crente daquilo que possa tocar, beber ou do lugar onde possa estar, ou ainda das pessoas com que se relaciona. Cristo pode proporcionar confiança, segurança e vitória sobre qualquer poder maligno ou qualquer ênfase que se dá a demonologia populista. 

Quem quiser obter mais informação sobre batalha espiritual, sugiro a leitura do livro: 
Instituto Internacional de Evangelización (ed.).  Poder e missão – debate teológico sobre a batalha espiritual.  Trad. Claudio J. Barone.  São Paulo: ABU, 2003.