segunda-feira, 6 de junho de 2011

Epístola ao Apostolo Paulo

Marcos Serafim, pastor escolhido da parte de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o entregou a morte pelos nossos pecados e o ressuscitou dentre os mortos, ao apóstolo Paulo, saudações em Cristo. Amém!

Venho por desta, escrever-lhe por causa do mal estar que flagela minha alma sem piedade e confunde meu espírito com entendimentos persuasivos e sabedoria humana de uma sociedade cristã enferma e apática espiritualmente.
Desculpe-me incomodar seu descanso, é que, dentre as 13 epístolas paulinas, me lembro da que escreveu com próprios punhos aos irmãos em Gálatas, durante os primeiros passos do evangelho na Galácia, nos anos 55 e 60 d.C., sobre aqueles que rapidamente estavam se afastando da Graça por causa de alguns que além de perverter ainda perturbavam o evangelho de Cristo naquele período. Em suas palavras o senhor disse aos irmãos que tomassem alguns cuidados, pois ainda que homens ou mesmo um anjo vindo do céu pregasse um evangelho que fosse além do que estava sendo pregado, esse seria maldito.

O senhor também alertou a igreja de Éfeso dizendo que após sua partida lobos vorazes penetrariam em meio à igreja e não poupariam o rebanho. Um tipo de lobo em pele de cordeiro, ou joio talvez. Também ao irmão Timóteo disse que o amor ao dinheiro era a “raiz de todos os males” e não uma “solução de todos os males”.

Pois é amado apóstolo, suas palavras me deixaram bastante preocupados, pois em pleno século XXI estamos vivenciando algumas deturpações, distorções do evangelho de Cristo que o senhor precisa ficar sabendo.

Não sei por onde começar, mas a triste situação atual é a seguinte: a correria por títulos ministeriais é grande e confuso. Instituiu-se uma escala de hierarquias, onde, por exemplo, alguns querem considerar “peixe grande” (desculpe o termo) somente aquele com carteirinha de Apóstolo. Pastores, missionários, evangelistas, presbíteros, diáconos, etc. estão na escala dos rebaixados.

Esses que se acham apóstolos não estão muito preocupados em pregar sobre o real significado da Graça, que envolve a salvação pela fé em Cristo e exige o negar-se a si mesmo para usufruir da real liberdade que temos no Salvador, ou mesmo despojar-se de todas as coisas, considerando-as refugo. Pelo contrario, nas reuniões as promessas são imediatistas a partir do tanto que você doa financeiramente.

Nossos cultos de adoração mudaram, tudo agora é “show”. A única glória manifesta é a dos homens. Os ídolos de adoração estão nos palcos, são grupos de louvor, cantores ou pregadores de renome que atraem o povo. Jesus Cristo? Esse não está atraindo mais.

A grande preocupação, por parte de alguns que afirmam ser cristãos, é pregar uma teologia da retribuição, da prosperidade, da multiplicação, da restituição, do quero de volta o que é meu. Prega-se o re-dizimo, o tudo ou nada na vida financeira, a lei do “da ou desce”.

Para esses apóstolos, a busca da inspiração do Espírito Santo pela Palavra revelada não é prioridade, pois existem preparações técnicas específicas sobre o uso da Palavra que, se aplicada veementemente e corretamente, convence os ouvintes sobre o dar para receber 100 vezes mais.

Informo ainda irmão Paulo, que essas técnicas vêm acompanhadas de cardápios com diferentes consistências aos olhos gananciosos e com apresentações mirabolantes para ajudar no pedido aquele fiel com pouca fé, e supersticioso. No prato principal, algumas opções como: pão em formato de cruz, ou sal grosso para levar para casa e espantar os maus agouros, cajado iluminado, troca de anjo, enterrar a Bíblia por sete dias, banhos de descarrego, cruz ensangüentada, oração com porcos vivos na igreja para que todo tipo de demônio na vida das pessoas saia e entre nesse animal, fogueira santa, oração dos 318, lencinhos vermelhos para afastar enfermidades, etc., etc., etc... Coisas que o senhor nunca precisou utilizar como doutrina ou sugerir às igrejas nas epístolas.
Felizmente, existem poucas igrejas que ainda examinam as Escrituras e meditam nelas dia e noite, ensinando-as todos os dias para ver se as coisas são de fato desse jeito.

O mal estar que sinto o senhor também deve estar sentindo nesse momento, diante dos fatos apresentados. Tem hora que da vontade de “chutar o pau da barraca” (desculpe a expressão chula) e largar tudo. É que o desanimo, às vezes, bate a porta e a gente se sente fragilizado como Timóteo. Ainda bem que no caso do irmão Timóteo o senhor não o deixou desanimar dizendo que ele deveria lembrar-se de conservar vivo o dom de Deus que fora derramado quando colocou as mãos sobre ele.

Irmão Paulo, que resposta o senhor teria diante da situação? O que nos diria sobre o que fazer, pois me lembro de suas palavras de que nos últimos tempos alguns apostatariam da fé por obedecerem a espíritos enganadores.

Cristo também afirmou que surgiriam falsos profetas nos últimos tempos. Essas coisas estão acontecendo. O que fazer?

Querido apóstolo Paulo, mais uma vez desculpe lhe aborrecer em seu merecido descanso eterno, mas eu precisava desabafar e te deixar a par do que está acontecendo por aqui.

Que a gozo em nosso Senhor Jesus Cristo seja em ti eterno. E que a coroa da justiça que recebeu esteja também nos aguardando assim que encerrarmos a carreira e guardarmos a fé, a qual o Senhor, reto juiz, nos dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a vinda de Cristo. Amém!


Pastor Marcos Serafim